A infraestrutura sempre foi a protagonista na maioria das "sociedades de sucesso". É essencial que qualquer população tenha acesso a energia, transportes, instalações sanitárias, hospitais e escolas para se desenvolver e prosperar.
Infelizmente, a forma como construímos a grande maioria dessa infraestrutura ao longo do século passado foi extremamente intensiva em carbono, tanto na construção quanto na operação.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que 60% das emissões globais atuais são atribuíveis à infraestrutura. A infraestrutura sustentável terá, portanto, um papel central na luta contra as mudanças climáticas e determinará nossa capacidade de atingir os objetivos de neutralidade de carbono até 2050.
Mas atender as necessidades globais de forma sustentável não é necessariamente uma tarefa simples. A infraestrutura de construção requer um planejamento coordenado de longo prazo que abrange as fronteiras geográficas, políticas e culturais.
Por muito tempo, a infraestrutura foi entendida e valorizada em termos de construção de prédios ou estradas. Sabemos, no entanto, que um hospital não pode funcionar sem um sistema de gestão de resíduos sólidos e, por sua vez, este não pode funcionar sem conhecimento adquirido e aplicado, sem instituições e recursos que garantam que ele vai funcionar. No entanto, quando falamos de infraestrutura, esses fatores ainda são muitas vezes esquecidos.
Temos que mudar nossa forma de pensar.
É simples, sem infraestrutura não poderíamos construir uma sociedade saudável. Serviços essenciais, como saúde e educação, exigem infraestrutura. Para que comunidades e negócios funcionem e prosperem, eles precisam de acesso a bens e mercados. A infraestrutura deve atender às necessidades da sociedade, mas seus impactos de longo prazo também devem ser avaliados, incluindo os recursos necessários para garantir sua sustentabilidade.
Muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos exigirão uma infraestrutura forte, funcional e sustentável se quisermos alcançá-los. Formas confiáveis de energia, acesso a água potável, educação, segurança e serviços sociais e econômicos só são possíveis por meio do desenvolvimento de infraestrutura resiliente.
Mas o que é uma infraestrutura resiliente?
É uma estrutura que não apenas apoia o desenvolvimento, mas que também seja uma ferramenta forme na mitigação de riscos. Precisamos olhar a infraestrutura, tanto em termos de oportunidades quanto de riscos. Essa estrutura precisa ser pensada para ter um papel também relevante quando surgirem os problemas.
Em que ambiente atuamos? Quais são os problemas que o mundo enfrenta hoje? Por exemplo, desastres naturais recorrentes causados pelas mudanças climáticas. A infraestrutura sustentável não deve apenas apoiar o desenvolvimento, mas também ser essencial para a recuperação pós desastre.
É também importante avaliar as infraestruturas já existentes e repará-las de forma sustentável. Muitos empreendimentos interagem com as instalações de tratamento de água, estradas, pontes e redes elétricas existentes. Mas como isso acontece? Parece simples, mas em muitos casos, em especial no Brasil, esse fator é completamente esquecido.
Precisamos melhorar a gestão e mitigação de riscos. A redução do risco de desastres visa reduzir os danos causados por desastres naturais por meio da prevenção. Existe uma correlação direta entre risco e resiliência – o risco reduzido ajuda a construir resiliência. Por sua vez, a gestão de risco eficaz que faz parte de nossos projetos ajudará a tornar a infraestrutura mais sustentável.
Há muitos princípios e muitas complexidades para essas questões. Em última análise, o que está claro é que a infraestrutura deve ser desenvolvida de forma a apoiar os serviços essenciais a longo prazo, além dos ciclos políticos.
Se esses fatores não forem levados em consideração, o estabelecimento de infraestrutura sustentável permanecerá como uma ilusão. Por isso, ao definirmos planos para o futuro, não devemos esquecer que o desenvolvimento verdadeiramente sustentável requer bases sólidas e uma infraestrutura confiável.
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